quarta-feira, 2 de abril de 2008

Moderadores, Jornalismo participativo e 1º de abril

Ainda pensando sobre o assunto apresentado e comentado em aula: a questão da manipulação de notícias publicadas no jornalismo participativo e da criação de ferramentas de inibição, tais como a automoderação, na qual próprio público julgaria e votaria escolhendo as notícias que interessam. O que me parece é ainda uma repetição da tentativa da carreira e seus profissionais de tentarem matar velhos monstros escondidos atrás do armário.

Explico-me. O Jornalismo on-line (com todas as suas inerentes características de ineditismo, inovação, abrangência, interatividade) resgatou questões que o modelo anterior parecia ter subjugado, contornado ou abafado, como imparcialidade, manipulação da opinião pública e, principalmente, credibilidade. O surgimento do JOL participativo (idéia interessante feita “por todos” para “todos"), a crescente proliferação de blogs, a obrigatoriedade de inclusão digital demandada pela generalização da "aldeia global" ainda é experimental e de infindáveis operabilidades. Conseqüentemente, sem conceitos, estudos, resultados que nos possibilitem uma avaliação criteriosa das ferramentas, linguagens, conteúdos, modelos, teoria ou nichos publicitários que pudessem ser apontados como mais adequados.

Ontem, dia 01 de abril de 2008, originalmente um período tradicional de resgate da destruição da ficção (a mentira?), através da confrontação com a realidade (a verdade?), percebi o quanto a mídia digital ainda é um espaço tão desconhecido, incógnito, passível de experiências e por isso mesmo ainda contendo uma certa ingenuidade e irresponsabilidade na análise do conteúdo de notícias. Para exemplificar, o blog Meio Bit publicou uma matéria sobre o lançamento, pela China, de uma ferramenta de busca, que seria 10x mais eficiente que o Google. A idéia seria unir o resultado de um browser de busca com a qualidade de uma lista manual. Funcionaria da seguinte maneira: milhares de pessoas contratadas iriam visualizar o termo consultado, em seguida cada um tentaria lembrar se conhecem algum site que se encaixa naquela consulta, então digitaria a URL do site e o sistema gerenciador somaria os votos. A URL vencedora é repassada para o usuário.

Não sou criança, tenho uma cultura digital ampla, sou antenada para novas tecnologias e caí! Achei estranho, mas até possível! E a questão é: fora a data, fora os comentários abaixo da notícia veiculada, não há nada que diga explicitamente, claramente que ali está uma matéria falsa, visando uma brincadeira de 1º de abril. O problema é que se um site se propõe a veicular matérias deve haver um mínimo de preocupação com este tipo de colocação, pois ele põe em risco não apenas a credibilidade do conteúdo do próprio site, mas também da internet como um todo. O Jornalismo já passou (ainda passa?) por isso no passado. Agora, com uma nova mídia dando espaço para a Comunicação Social como um todo, deveríamos ao menos atentar para não trilhar os mesmos caminhos errados já percorridos. Ou ao menos achar um atalho que não coloque em risco a qualidade do que se lê!

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